O dia começou incerto e triste, algo persistia e quis-me afastar.
Mas tudo o que me preocupava desvaneceu, quando alguém, para mim, hoje sorriu...
O dia começou incerto e triste, algo persistia e quis-me afastar.
Mas tudo o que me preocupava desvaneceu, quando alguém, para mim, hoje sorriu...
Limpo palavras.
Recolho-as à noite, por todo o lado:
a palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.
Trato delas durante o dia
enquanto sonho acordado.
A palavra solidão faz-me companhia.
Quase todas as palavras
precisam de ser limpas e acariciadas:
a palavra céu, a palavra nuvem, a palavra mar.
Algumas têm mesmo de ser lavadas,
é preciso raspar-lhes a sujidade dos dias
e do mau uso.
Muitas chegam doentes,
outras simplesmente gastas, estafadas,
dobradas pelo peso das coisas
que trazem às costas.
A palavra pedra pesa como uma pedra.
A palavra rosa espalha o perfume no ar.
A palavra árvore tem folhas, ramos altos.
Podes descansar à sombra dela.
A palavra gato espeta as unhas no tapete.
A palavra pássaro abre as asas para voar.
A palavra coração não pára de bater.
Ouve-se a palavra canção.
A palavra vento levanta os papéis no ar e
é preciso fechá-la na arrecadação.
No fim de tudo voltam os olhos para a luz
e vão para longe,
leves palavras voadoras
sem nada que as prenda à terra,
outra vez nascidas pela minha mão:
a palavra estrela, a palavra ilha, a palavra pão.
A palavra obrigado agradece-me.
As outras não.
A palavra adeus despede-se.
As outras já lá vão, belas palavras lisas
e lavadas como seixos do rio:
a palavra ciúme, a palavra raiva, a palavra frio.
Vão à procura de quem as queira dizer,
de mais palavras e de novos sentidos.
Basta estenderes a mão
para apanhares a palavra barco ou a palavra amor.
Limpo palavras.
A palavra búzio, a palavra lua, a palavra palavra.
Recolho-as à noite, trato delas durante o dia.
A palavra fogão cozinha o meu jantar.
A palavra brisa refresca-me.
A palavra solidão faz-me companhia.
Álvaro Magalhães
Geme o restolho, triste e solitário
a embalar a noite escura e fria
e a perder-se no olhar da ventania
que canta ao tom do velho campanário
Geme o restolho, preso de saudade
esquecido, enlouquecido, dominado
escondido entre as sombras do montado
sem forças e sem cor e sem vontade
Geme o restolho, a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda
Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar para aprender a viver
e a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
prá receber daquilo que aumenta o coração
Mafalda Veiga
Decidi deixar hoje esta música que tanto aprecio.
esteve presente nalguns grandes momentos da minha vida.
e faz recordar-me com saudade as semanas missionárias :p
Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive Ricardo Reis (Fernando Pessoa)
Porque já não escrevo há alguns dias...
Hoje deixo aqui a dedicatórias da minha primeira fita :p
"Á minha querida Filha!
Fui a primeira a sentir a tua vida.
A primeira a ver teus olhinhos lindos.
A escutar o teu grito de vinda.
Quero ser a primeira a dar-te esta fita.
A desejar-te que todas as portas se abram para ti,
e que sejas uma BOA EDUCADORA.
Nas tuas mãos terás INFÂNCIAS de muitas vidas.
Barro mole que teus dedos poderão moldar.
Junta-lhe todo o teu carinho, mimo, atenção, paciência, imaginação...
E verás o fruto do teu trabalho criar forma.
e sentir-te-ás realizada por contribuires para melhorar o mundo,
por educar o que de mais belo há nele: as CRIANÇAS.
Quero estar sempre a teu lado, ser a primeira a apreciar a tua obra.
Beijinhos. Felicidades!
A mamã
p.s. Alguém com poder de anjo que te achava a menina mais linda do mundo estará sempre contigo! Neste e em todos os momentos da tua vida. E tem um cantinho especial nesta fita tão branca como ela."
Gosto muito de ti minha mamã mais linda e faço questão de ter junto a mim em todos os momentos da minha vida...
Minha amiga e conselheira, minha companheira...
Amo-te
Digam me lá se não é deixar rolar umas lágrimazitas...
bem eu chorei baba e ranho
Ás vezes só me apetece fugir, partir rumo ao infinito...
Aventurar-me pelo desconhecido em busca da minha felicidade...
Queria passar para palavras este sentimento
Mas apenas lágrimas descrevem o que sinto
É uma dor que chega sem que haja entrega
Que me faz sentir fraca e desprotegida
É uma dor que embala, que toma conta de mim
Que diz que me ama ao tocar meu rosto
É um suspiro escapando, me afagando a boca
É o alivio que eu busco num ar que sufoca...
Mas apenas lágrimas a minh'alma edita
Apenas silêncio quando a minh'alma grita
Só queria compreender como algo tão profundo
Se fica pela garganta, entre meus dedos...
Em meu mundo...
Comecei a distribuir fitas pela família e amigos mais chegados :p
parece que ainda ontem estive na net à procura dos resultados da entrada para a universidade...
parece que ainda ontem procurei com ansiedade o meu nome em listas intermináveis e encontrei-o justamente onde sempre sonhei que estivesse.
entrei na minha primeira opção, no curso que sempre sonhei tirar :p
Parece que foi ontem mas não foi, já se passaram quatro anos e já me encontro numa fase de quase despedida destas andanças...
Se gostei da universidade?
Isso é algo que vos direi noutra altura... :p
Mas pronto... comecei a distribuir as fitas... acho que é tão cedo... faltam ainda alguns meses... mas toda a gente me diz... "tás parva?" não é nada cedo.... o tempo passa a correr... e depois não te entregam as fitas a tempo etc etc...
portanto segui o conselho dos amigos e cá estou eu... a distribuir fitas em pleno Fevereiro :p
Aquilo que fiquei de escrever e que nunca escrevi.
Aquilo que te quis dizer e não consegui
Aquilo que me pareceu beber e não bebi...
Aquilo que me fez portar assim...
Aquilo que só às estrelas contei, sem nunca ter falado
As mil vezes que me enganei, sem em nada ter errado
As filosofias que cantei, sem qualquer significado,
Como palavras que soam bem,
sem norte e sem passado, sem sentido e sem vontade (...)