Ao Som da Chuva

Fevereiro 01 2008

"Em Maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que achava bonito o ritual do casamento na igreja, com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos, mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre:

 

 

"Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?"

 

 

Acho simplista e um pouco fora da realidade. Dou aqui novas sugestões de sermões:

 

 

- Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?

 

 

- Promete saber ser amiga(o) e ser amante, sabendo exactamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?

 

 

- Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?

 

 

- Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples facto de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?

 

 

- Promete se deixar conhecer?

 

 

- Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?

 

 

- Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?

 

 

- Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?

 

 

- Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?

 

 

- Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?

 

Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher: declaro-os maduros."

 

Mário Quintana

publicado por DN às 16:28
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