Saudadinhas dos coros!
Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente.
Quando se ama alguém, tem-se sempre tempo para essa pessoa.
E se ela não vem ter conosco, nós esperamos.
O verbo esperar torna-se tão imperativo como o verbo respirar.
A vida transforma-se numa estação de comboios e o vento anuncia-nos a chegada antes do alcance do olhar.
O amor na espera ensina-nos a ver o futuro, a desejá-lo, a organizar tudo para que ele seja possível.
É mais fácil esperar do que desistir.
É mais fácil desejar do que esquecer.
É mais fácil sonhar do que perder.
E para quem vive a sonhar, é muito mais fácil viver.
in Diário da tua Ausência
As palavras são os meus passos,
cada frase será como uma pedra que deixo atrás de mim para não me perder no regresso.
Escrevo-te a ti, que andas por ai à minha procura, numa solidão povoada,
vazia e acomodada à espera que a vida te ponha no caminho uma mulher como eu.
Não sei como te chamas nem por que inicial começa o teu nome,
mas sei que existes, que me esperas e desejas e que um dia farás parte da minha vida.
Somos nós, com os nossos passos, que vamos fazendo o nosso próprio caminho. Há quem corra demasiado depressa e perca a alma no trajecto, há quem mude de ideias e arrisque um atalho, há quem não saiba escolher a melhor direcção quando chega a uma encruzilhada, há quem deixe pedras pelo caminho para não se perder, se precisar de voltar para trás.
Não sei que espécie de caminhante sou, para onde vou, não sei. Nem sei para onde vais. Nem tu sabes. Pode ser que um dia acordes com uma luz nova, uma força desconhecida que te vai trazer até mim… Sei que há uma força estranha que me faz correr para ti, embora nunca, em nenhuma circunstancia, corra atrás de ti, porque não posso, não me é permitido interferir no teu destino e mudar o curso da tua vida. Isso, terás que ser tu a fazê-lo, por ti e para ti, se assim o entenderes. Será que sentes a mesma força?
"Se me ponho a cismar em outras eras em que ri e cantei, em que era querida...
Parece-me que foi noutras esferas, parece-me que foi numa outra vida..."
E de súbito desaba o silêncio.
É um silêncio sem ti,
sem álamos,
sem luas.
Só nas minhas mãos
ouço a música das tuas.
(Eugénio de Andrade)